// HISTÓRIA
Por Mônica Braga



A mangaba, fruto da Mangabeira

A Mangabeira surgiu como uma das estações da Estrada de Ferro do Limoeiro, a então Linha Norte, hoje Avenida Norte. Tais estações eram nomeadas com o que havia de mais relevante nesses lugares. No caso da Mangabeira eram os pés de mangaba, que existiam em abundância no local. A ocupação do bairro acontece a partir da tranferência de pessoas de baixa renda do centro da cidade para os morros. A necessidade de conter a superlotação do bairro de Casa Amarela também contribuiu para que as pessoas começassem a procurar outros lugares para habitar, como a Mangabeira e outros morros.

Mas para o local onde está situado o bairro hoje se tornar habitável, foi preciso o aterramento de trechos alagadiços, como as regiões próximas ao Rio Vasco da Gama. A ocupação do local aconteceu de baixo para cima, ou seja, primeiro foram os futuros moradores ocuparam o Mangabeira Baixo e posteriormente, o Mangabeira Alto. Vacarias, como a vacaria de Seu Braz (onde hoje funcianam prédios da Caixa Econômica) e a vacaria de Seu José das Galinhas (onde atualmente está situada a Igreja Católica Nossa Senhora de Fátima) também foram pontos de referência para a aproximação de novos moradores. E é claro que as localidades próximas aos antigos chafarizes também foram fontes de ocupação, por ser o chafariz uma fonte de água para as pessoas tomarem banho. Mas o famoso cacimbão também atraia os ocupantes, pois fornecia água a todos da Mangabeira.

Uma grande surpresa aos mangabeirenses foi a chegada, em 1946, do cônego Manuel Marques, pessoa que foi de grande importância para o desenvolvimento do bairro. Marques pregou o catecismo às crianças carentes do bairro e conheceu a fundo às necessidades dos habitantes. Construiu uma palhoça, para a pregação do evangelho e para a influência do catolicismo. Mas, seis anos depois, trouxe o arcebispo D. Antônio de Almeida Morais Júnior para o bairro, religioso que criou, durante sua visita, a paróquia de Nossa Senhora de Fátima, que só foi concluída e inaugurada em 13 de outubro de 1961 com a presença do arcebispo e de outras autoridades eclesiásticas, além de civis e militares.

A paróquia teve grande importância social para a comunidade, pois trazia benefícios como a instalação de uma linha telefônica na casa paroquial que atendia às necessidades de comunicação dos moradores, em casos de urgência. Por iniciativa de Marques junto à prefeitura do Recife, a rua onde foi construída a igreja também recebeu pavimentação, beneficiando os moradores.

Em 21 de abril de 1948, a comunidade recebeu o Mangabeira Futebol Clube, que começou com jogos esportivos e funciona atualmente com aulas e apresentações de dança, além de ser aberto aos moradores para aluguéis de festas. Nessa mesma década, foi inaugurada a igreja evangélica Assembléia de Deus, localizada na Rua Maria Gonçalves, n° 51. A casa em que a igreja foi construída foi doada por um casal de residentes evangélicos.

Outra conquista para a melhoria do bairro foi a instalação da primeira escola primária da Mangabeira, no dia 13 de maio de 1955, que já iniciou suas atividades com 200 alunos matriculados. A escola Monsenhor Manuel Marques, como foi nomeada, servia diariamente sopa aos alunos, que também recebiam assistência médica e dentária duas vezes por semana, conseguidas pelo cônego.

Não bastando todas essas melhorias para a comunidade, Marques também deu início à sociedade São Vicente de Paula, ao clube das mães pobres e à escola de corte e costura e de arte culinária, além do círculo de operário dos trabalhadores cristãos e a liga católica Jesus, Maria, José.

A partir de então, os moradores receberam outras inovações, como a Escola Municipal da Mangabeira, a Associação dos moradores, cursos fornecidos nas escolas, encontros para a terceira idade, a organização não governamental “Retome sua vida”, a Associação Espírita Tempo da Criança, que desenvolve trabalhos beneficentes, e o Posto de Saúde. Esse último, fundado mais recentemente.


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