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JORNAL DO COMMERCIO

Cineteatro garante lazer na Mangabeira
Publicado em 30.03.2008

Escadaria, beco e morro dominam a paisagem da Mangabeira, Zona Norte da capital pernambucana. A área, às margens da Avenida Norte, faz limites com Bomba do Hemetério, Tamarineira, Arruda, Casa Amarela e Alto José do Pinho. No ano 2000, 11% dos moradores não tinham rendimentos. Esta é a 88ª reportagem da série sobre os bairros do Recife. Texto de Cleide Alves.

Mangabeira é um bairro fora do badalado circuito cultural do Recife, mas tem o privilégio de abrigar uma sala de cinema, outra de teatro e piscina semi-olímpica disponível para qualquer pessoa nos fins de semana. Todas essas atividades estão concentradas no Sesc Casa Amarela, na Avenida Professor José dos Anjos. O nome do clube é uma homenagem ao bairro que até hoje serve de referência para a Zona Norte. “Casa Amarela é a grande região, é como se fosse a mãe de tudo. Nosso endereço oficial é Mangabeira”, diz a assistente-administrativa do Sesc, Delane Maria Ferreira.

No prédio onde funciona o Teatro Capiba e o Cine Sesc, com atividades regulares, também há um estúdio para gravações, cursos de canto, violão, cavaquinho e percussão. O Serviço Social do Comércio oferece educação infantil e ensino fundamental I (até a terceira série) para filhos de comerciários, preferencialmente, além de educação de jovens e adultos. Na área esportiva, há escolinhas de natação, futsal, voleibol e hidroginástica, abertas ao público em geral.

O bairro é pequeno (tem o mesmo tamanho de Peixinhos e Paissandu), com trechos que se confundem com Alto José do Pinho e Bomba do Hemetério, comunidades vizinhas. Moradores sentem falta de espaços públicos de lazer. “Não temos praças. Meus filhos brincam no Parque da Jaqueira, quando tenho tempo para levá-los até lá, ou nos passeios promovidos pela escola”, comenta a dona de casa Valdenise de Freitas Pereira, 32 anos.

Usar serviços de bairros próximos é comum entre os habitantes da Mangabeira. Valdenise, por exemplo, vai poucas vezes ao Centro do Recife. “Temos feira em Água Fria e lojas variadas em Casa Amarela”, diz. Ela também recorre ao comércio no Alto José do Pinho e na Bomba do Hemetério. “Gosto muito daqui. O único problema é o acúmulo de lixo nas ruas. Apesar de termos coleta, as pessoas colocam os sacos nas calçadas.”

O autônomo Reubem Félix dos Santos, 44, é filho de uma das primeiras moradoras da comunidade, Rita Maria dos Santos. “Quando minha mãe chegou aqui, quase não tinha casa. Ela é de Carpina e morava na Torre (Zona Oeste). Casou e veio para cá, onde teve dez filhos. Mangabeira é minha paixão”, declara. Dos oito irmãos vivos, seis moram no bairro. Em quatro décadas de vida, Reubem Félix viu as ruas sendo pavimentadas e a construção de escadarias.

“Tudo mudou, o bairro agora tem mais infra-estrutura. Mas faltam área de lazer e farmácia. Compramos remédios na Bomba do Hemetério ou na Avenida Norte”, diz o autônomo. A dona de casa Patrícia do Vale, 31, teme acidentes com queda de barreiras e não se recorda de grandes investimentos na área. Nos últimos anos, a prefeitura implantou um Posto de Saúde da Família (PSF) para atender a população e pavimentou a Rua Tabajara.

ORIGEM

O nome do bairro deriva de uma árvore nativa, de pequeno porte e delicada. A mangaba (Hancornia speciosa), diz a engenheira florestal e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco Isabele Meunier, é típica do litoral do Nordeste brasileiro. Também floresce no cerrado do Ceará e do Piauí.

Hoje, está ameaçada de extinção porque tem reprodução difícil e os ambientes de origem são os mais procurados pelo mercado imobiliário para construção. A mangaba crescia nas antigas restingas do Pina, Boa Viagem e Piedade (Jaboatão dos Guararapes). Nos morros, como os da Mangabeira, a vegetação era de mata atlântica. “No entanto, a região de Casa Amarela ficava na várzea do Capibaribe e sofria influência da maré, a árvore pode crescer numa área dessa”, diz.


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